Trabalho com watercoolers, como são chamados os sistemas de refrigeração líquida para PCs, desde 2001 e acompanhei a evolução dos mesmos desde o surgimento dos primeiros exemplares comerciais. Para quem gosta do tema sugiro a leitura do Tutorial de Refrigeração Líquida que escrevi há alguns anos sobre os principais conceitos nessa área.
No início montar um watercooler era uma tarefa predominantemente amadora, envolvendo gabinetes modificados, adaptações em bombas e radiadores e muitos estudos de dinâmica de fluídos para alcançar um bom resultado térmico com blocks caseiros. Com o tempo, empresas comerciais começaram a vender kits prontos, alguns muito ruins no principio, outros bastante bons, e hoje a oferta de watercoolers comerciais é bastante extensa e acessível aos usuários comuns.
Dessa vez eu recebi um kit da Corsair onde os principais atrativos são o baixo preço e a facilidade de instalação. Surpreendente também é a capacidade de dissipação térmica de 500 watts, razão pela qual a Corsair recomenda o kit para quem possui sistemas de alta performance com SLI ou Crossfire, onde a dissipação total chega fácil a mais de 350W por causa da dissipação dos chipsets de vídeo. Infelizmente os waterblocks para as placas de vídeo ainda não estão disponíveis pela Corsair, mas podem ser usados blocks de qualquer marca desde que respeitada a bitola da mangueira.
O kit serve para todos os AMD atuais (soquete 754, 939 e 940, mas não faz menção ao novo AM2) e aos dois soquetes da Intel (LGA775 e soquete 478) sem a necessidade de outras peças. Está tudo incluso no kit, conforme a imagem abaixo:
Por ser um kit externo, a instalação é muito simples. Basta instalar o block, passar as mangueiras pelo espelho PCI traseiro e conectá-las ao módulo junto com o cabo de energia. Tanto a ventoinha quanto a bomba d’água interna são de 12 volts e bem silenciosas. Com tudo no lugar, é só encher o reservatório com uma mistura de água destilada e o aditivo incluso no kit e ligar o sistema. O enchimento da mangueira é quase instantâneo mas as bolhas no circuito levam cerca de 5 minutos para serem completamente dissipadas, e por causa disso é prudente só fazer algum overclock depois desse período inicial. Depois do circuito completamente preenchido não é preciso esperar mais nada, e pode-se ligar e desligar o sistema a qualquer momento sem riscos. O módulo tem duas posições para a velocidade da ventoinha, mas a diferença do ruído (baixo) é muito pequena, acredito que deixar na posição mais forte seja mais adequado.
Para segurança, dois conectores para monitoramento devem ser ligados na placa mãe, aonde normalmente conectamos os coolers tradicionais, um monitora a velocidade da ventoinha e o outro a velocidade da bomba. Na maioria das placas mãe modernas é possível ajustar alarmes de segurança para desligar o sistema no caso de falhas em qualquer um desses sensores, o que torna a utilização desse kit muito segura.
Os conectores das mangueiras são do tipo “engate rápido” com válvula de retenção, portanto você pode desconectar a mangueira sem se preocupar com vazamentos, mantendo tanto o reservatório cheio quanto a mangueira que vai para o block da CPU. Na verdade sai uma pequena gota de fluido junto ao conector, mas é algo mínimo e facilmente absorvido por uma toalha de papel comum.
Instalei o sistema em uma máquina equipada com um Pentium 4 “Prescott” soquete 478 de 3.2 GHz em overclock para 3.6 GHz, um processador reconhecidamente quente. Antes esse processador marcava algo entre 49°c e 62°c dependendo da carga de uso, e estava equipado com um ótimo Thermalright XP120 com ventoinha Sunon obtendo um resultado muito melhor do que o cooler original (box) ou que uma solução com Zalman que utilizei anteriormente. O resultado com o Nautilus 500 foi muito bom, a temperatura se estabilizou na faixa de 42°c até 50°c em carga total, um resultado surpreendente para um processador com características térmicas tão ruins quanto esse em um clima quente como o do Rio de Janeiro.
Porém, e esse é o objeto principal dessa coluna, eu acabei me convencendo a retornar para o XP120 anterior, e o motivo é simples: não há necessidade de um watercooler em um sistema como esse!
De fato, temperaturas mais baixas podem estimular o usuário a fazer um overclock mais agressivo, mas não era esse o caso aqui. E não há ganho de performance algum pelo simples fato de operar em 50°c ou 60°c, é algo muito mais emocional do que racional.
O kit da Corsair é ótimo e muito barato (cerca de 150 dólares nos EUA), ligeiramente mais caro do que algumas soluções de coolers a ar mais sofisticadas, mas a necessidade maior é para quem realmente tem problemas com temperaturas elevadas (instabilidade, travamentos, etc) ou utiliza soluções SLI/Crossfire de alta dissipação térmica que podem ser inseguras aqui nos trópicos após algumas horas de jogo contínuo.
Eu cheguei a acreditar que o uso de watercoolers seria massificado com a tamanha escalada de dissipação térmica que os processadores alcançaram nos últimos anos, mas desde o final do ano passado a onda agora são processadores mais “frios”. A próxima geração da Intel e da AMD não esquentará tanto, portanto para o usuário comum os coolers tradicionais atendem as necessidades. Eu creio que os usuários High End, que estão sempre no limite da tecnologia, ainda terão necessidades de sistemas como esse, mas será um nicho de mercado, e não uma tendência em massa como cheguei a acreditar no passado. Evidentemente um kit como esses é um mão na roda para quem tem um sistema de alta performance da atual geração de processadores, que ainda esquentam muito, quase sempre acima de 100 Watts.
De qualquer forma, o Corsair Nautilus 500 surpreende pela sua eficiência, pelo baixíssimo ruído, pelo baixo preço e principalmente pela sua simplicidade. Comparado com o ótimo Corsair COOL que avaliei antes, o Nautilus é um senhor passo a frente.
As especificações técnicas completas podem ser vistas no site do fabricante e pode ser adquirido aqui no Brasil na WAZ Hardware Store, representante dos produtos Corsair.
Fonte : http://extremepc.com.br
by Paulo Couto
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